Ai meu deus, eu vou sofrer sozinho... Só que não!

Depois de todos os nossos posts sobre Saúde Mental, você pode estar se sentindo repleto de informações e sem saber lidar com tudo isso. Mas calma, você não vai sofrer sozinho (e nem morrer sozinho, como diria Jão). Como você já sabe um pouco mais sobre o que é Saúde Mental, como a mídia pode contribuir negativamente para ela, se as redes sociais são mesmo nossas maiores vilãs, agora, para finalizar, vamos te mostrar onde você pode encontrar mais sobre o assunto, se inteirar cada vez mais sobre ele e, claro, ver que não está só neste mundão tendo que lidar com sua saúde mental. Amém!

Why so serious?

Antes de falar de conteúdos e exemplos legais, precisamos falar de coisa séria. Caso você sinta que precisa de algum tipo de ajuda ou se já tem o diagnóstico de algum transtorno mas ainda não encontrou o tratamento para cuidar de sua saúde, deixamos aqui algumas dicas que podem ajudar você ou pessoas próximas.

CVV - O Centro de Valorização da Vida atua através de voluntariado, oferecendo apoio emocional e de prevenção ao suicídio. Foi fundado em São Paulo em 1962 e é reconhecido como serviço de utilidade pública pelo Ministério da Saúde. Para entrar em contato com um atendente do CVV é só discar gratuitamente 188 (atendimento 24 horas, todos os dias) ou 141 (para Bahia, Maranhão, Pará e Paraná), mandar uma mensagem pelo chat ou um email. Mesmo que você não tenha certeza se precisa de algum tipo de ajuda, os atendentes estarão dispostos a conversar e ajudar como puderem.

No entanto, o CVV pode ajudar mais esporadicamente, do que realmente tratar algum problema mais grave. Para isso, é preciso entender se realmente existem sintomas de um transtorno mental para que este seja detectado e realizado o tratamento adequado. Também existe o teste “Do You Need Therapy?” (da tradução "Você precisa de terapia?") criado pelo doutor Robert Epstein, psicólogo pesquisador, onde é possível descobrir se a pessoa testada se beneficiaria de uma consulta com um psicólogo, psiquiatra, terapeuta ou qualquer outro profissional que cuide de questões de saúde mental.

Amigo, estou aqui!

Lembramos que a procura por um diagnóstico e tratamentos são indispensáveis e não basta só desabafar com um amigo próximo ou acompanhar as séries, filmes ou baixar os apps que vamos indicar abaixo. Bem-estar mental é coisa séria e com a saúde não se brinca!

Agora que estamos de acordo, que tal reservar um lugar no sofá, pegar a pipoca e se preparar para ver alguns filmes e séries que abordam o tema?

As vantagens de ser invisível

Charlie é um garoto introvertido que escreve cartas à um amigo imaginário, já que não possui amigos de verdade. Prestes a entrar no colegial, ele sonha em fazer novas amizades, mas as coisas não acontecem bem assim. Até que ele é adotado por um grupo de 5 amigos, com quem passa a se abrir e a ser ele mesmo, experimentando novas alegrias e aventuras. No entanto, logo se vê obrigado a se distanciar de suas novas amizades, fazendo com que ele entre em surto. Quando se vê atingido por traumas de sua infância, ele passa a tomar consciência deles assim como a aprender a lidar com eles, conseguindo seguir em frente com sua vida.

O lado bom da vida

O filme se inicia com  a saída de Pat de uma instituição para tratamento de doenças mentais. Ele foi diagnosticado com transtorno bipolar e, em diversas situações, assume um lado mais agressivo, além de ser inseguro e ter pensamentos delirantes. Quando retorna à sua casa, volta a conviver com seu pai que sofre de transtorno obsessivo compulsivo. Até que encontra Tiffany, sua vizinha viúva que sofre com depressão e, desde que se conhecem é possível perceber uma atração mútua entre os dois. O resto? Só assistindo para saber!

Um estranho no ninho

Clássico do cinema, a trama se desenrola ao redor de Randle, acusado de estupro de uma menor de idade, é enviado à cadeia, mas passa a “se portar como louco” e é transferido para um hospício, onde acredita que viverá uma vida mais tranquila. No entanto, com o passar do tempo nessa instituição, ele começa a perceber que o local não é tão inofensivo quanto tinha imaginado. O filme divide opiniões, há quem acredite que ele foi um marco para a revisão do tratamento de pessoas com doenças mentais neste tipo de instituição nos Estados Unidos, assim como quem crê que o filme criou um estigma negativo ao redor desse tipo de local e tratamento. E aí, qual a sua opinião?

Uma página de loucura

Este filme mudo japonês conta a história de um homem que passa a trabalhar em um manicômio na esperança de libertar sua esposa, que está lá internada após uma tentativa de suicídio, depois de afogar seu próprio filho. Diferente das críticas e ressalvas que se tem com a obra de Um estranho no ninho, a obra é mais poética e também surreal, mostrando imagens que representam a visão dos doentes ali internados.

Nise - O coração da loucura

Inspirado na história real de Nise da Silveira, médica psiquiatra brasileira, o filme mostra sua história ao trabalhar em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. Com uma crença em um tratamento mais humanizado, ela se recusa a empregar técnicas invasivas tais como o eletrochoque e a lobotomia. Mesmo quando isolada pelos demais médicos, ela proporciona uma revolução na terapia ocupacional, tratando seus paciente com amor, arte e um pouco de loucura. Vale à pena ver esse filme lindo e, além de tudo, brasileiríssimo.

Bojack Horseman

A série do Netflix conta a história de Bojack, um meio cavalo meio humano, que fez uma série de sucesso nos anos 90, mas agora tem sua carreira estacionada, estando sempre embriagado, cometendo erros e preso ao sucesso de seu passado. Com o passar da história, Bojack e os demais personagens secundários vão revelando mais de seus lados emocionais e psicológicos, muitas vezes revisitando momentos sombrios, tristes e traumáticos. Cada temporada revela novas faces e explicações para o comportamento de Bojack e passamos a conhecer e entender melhor os motivos para ele ser como é.

Jessica Jones

Você tem aquela ideia de que toda heroína ou herói são praticamente inatingíveis (física e emocionalmente) e são um exemplo de moralidade à ser seguida? Bem, pois não é exatamente assim, muito menos no seriado Jessica Jones, super heroína da Marvel. Desde o começo é possível perceber que Jessica é alcoólatra, fato que a princípio pode ser associado apenas ao seu estilo mais “descolado e despreocupado”. Com o decorrer da série, percebemos que este hábito está associado ao estresse pós-traumático que se desenvolveu nela após ser controlada por Killgrave e sofrer abusos físicos e psicológicos.

Please, like me

A série australiana mostra o dia a dia de Josh, que se assume homossexual logo no início e tem que lidar com os problemas da vida, de familiares e amigos. Sua mãe, Rose, é diagnosticada com depressão e tenta cometer suicídio, sendo Josh a pessoa a encontrá-la em no chão após ingerir vários comprimidos. Outros personagens com algum tipo de transtorno mental também surgem na série, assim como Arnold que tem transtorno de ansiedade e Hannah, uma mulher lésbica com depressão. De maneira bastante próxima à realidade, temos a experiência de fazer parte de situações e momentos da vida de Josh, com pitadas de alegria, humor, através de cenas emocionantes, que muitas vezes nos deixam à beira das lágrimas.

United States of Tara

Com Tara, a protagonista que sofre com transtorno dissociativo de identidade, podemos ver como esse transtorno afeta seus relacionamentos, seja com sua família, no trabalho e em vários momentos de sua rotina. Cada uma de suas personalidades se mostram drasticamente diferentes uma das outras e vão se alterando com transições leves e até intensas. A primeira temporada da série mostra justamente isso, Tara e sua família trabalhando juntos para aprender como lidar com o problema, assim como sua busca pessoal pelo que deu origem ao seu transtorno.

Para aproveitar o gancho, deixamos aqui a entrevista com Maisie Williams, estrela da série Game of Thrones, contando o por quê da representação positiva de saúde mental em séries de TV ser tão importante para pessoas com transtornos mentais.

Para bom leitor, um capítulo só NÃO basta!

Podemos deixar passar batido às vezes, mas a literatura está cheia de personagens que têm algum transtorno mental ou não estão lá com suas saúdes mentais em dia. Quer ver só? Um bom exemplo disso é o clássico brasileiro Dom Casmurro. Na obra de Machado de Assis, Bentinho, o protagonista apaixonado por Capitu, sofre de um ciúme doentio pela amada, ciúme que tem base em suas inseguranças, paranoias, imaturidade e falta de controle sobre as decisões de sua vida. Como seria o final do livro se Bentinho fizesse terapia? Sem dúvida, bem mais feliz, meu caro leitor.

O Menino que Desenhava Monstros

Jack é um garoto que não sai de casa e é portador de síndrome de Asperger, que dificulta sua interação social comunicativa, também fazendo com que ele desenvolva interesses obsessivos por determinados assuntos. Ele acredita que existem monstros embaixo da sua cama e escondidos em cada canto. Seus pais, que num primeiro momento são céticos em relação à crença do menino em monstros, num segundo momento passam também a serem perturbados por eles, e daí então procuram ajuda. O livro tem um começo lento, mas aos poucos vai ganhando cada vez mais a nossa atenção, sendo quase impossível desgrudar dele até seu final surpreendente.

O demônio do meio dia: Uma anatomia sobre a Depressão

Escrito pelo jornalista Andrew Solomon, ele relata sua própria experiência com a doença, assim como suas pesquisas sobre o tema. Ganhador do prêmio National Book Award e finalista do Pulitzer, ele aborda mitos, depoimentos de diversas pessoas, tratamento e memórias da depressão que vivenciou. Real, verdadeira e atual, a obra nos impacta com a experiência não fictícia do dia a dia de alguém, nos levando a dar de cara com um dos temas mais duros e complexos de nossa sociedade.

O Alienista

Obra de Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, o livro conta a história de um médico que regressa à sua cidade natal, Itaguaí, onde passa a se dedicar ao estudo da psiquiatria e decide inaugurar um manicômio para tratar os loucos da cidade e região. No entanto, ele passa a enxergar traços de loucura em todas as pessoas e começa a interná-las, para somente depois reconsiderar seus critérios de determinação da loucura. E a reflexão que fica é: O que é ser louco?

Mrs. Dalloway

Nesta que é uma das obras mais famosas da escritora inglesa Virginia Woolf, temos personagens em meio à crises que testam seus psicológicos. Clarissa, dona de casa pertencente à alta classe de Londres se sente ansiosa ao receber a presença de amigos em sua festa, amigos esses que avaliarão escolhas que ela realizou há anos atrás. Ainda na trama temos o personagem de Septimus, que sofre de stress pós-traumático e alucinações, heranças de sua participação na 1º Primeira Guerra Mundial e que também endereça diversas críticas aos tratamentos de doenças mentais disponíveis na época.

Arco de virar réu

Escrito em primeira pessoa, a obra segue uma narrativa não-linear e mostra a constatação do narrador da esquizofrenia que seu próprio irmão sofria na adolescência. Historiador social, o narrador também tem enorme fascinação por rituais indígenas da tribo dos Tupinambás. Ao longo da história, ele próprio percebe sua deterioração física mental, fazendo com que questione sua própria sanidade.

Meu app, minha vida

E já que passamos tanto tempo ligados em nossos celulares, olhando as redes sociais, jogando jogos, respondendo mensagens, porque não usar essa ferramenta para ajudar na conquista de uma saúde mental equilibrada? Se isso é possível? Claro! Trouxemos abaixo algumas dicas valiosíssimas de apps que podem te ajudar com crises de ansiedade, depressão, insônia e até a se conhecer melhor.

Cíngulo

Este app totalmente em português promete ser uma terapia guiada para ajudar com ansiedade, autoestima, estresse  e ânimo. Ele possui testes periódicos para avaliar seu estado emocional e sua evolução, sessões diárias de autoconhecimento, controle imediato de emoções negativas e crises, além de um diário para registro dos seus bons e maus momentos, para que consiga avaliar melhor os seus dias. Claro que o app não substitui tratamentos e consultas com médicos especializados no assunto, mas ele pode ajudar no dia a dia, contribuindo para uma melhor saúde mental através da auto descoberta.

Rootd

Fundado por mulheres, esse app ajuda a aliviar imediatamente crises de pânico e de ansiedade, através de lições, ferramentas e exercícios. O app disponibiliza a função Root, onde você pode ativar um dos dois botões: Um para quando você está pronto para confrontar o ataque de pânico, e outro para quando você deseja apenas o alívio imediato, da forma mais rápida possível. Além disso, ele possui lições de compreensão sobre a ansiedade, sua origem, como nosso corpo reage à ela e porque ela pode estar nos afetando; contato de emergência e página de estatísticas pessoais. Tudo isso dentro de um app com um design clean e amigável. Quem diria que a tecnologia poderia ser uma mão na roda para nossa saúde mental?

ADDS

Este é um app mais simples, que tem como principal função diagnosticar a depressão e a definição de risco de suicídio. Ele funciona como um teste de perguntas e respostas e, ao fim, dá um diagnóstico à partir de suas respostas. Ele é um auxiliar para determinação de risco de depressão, mas de maneira alguma substitui o julgamento clínico.

Cogni

O maior objetivo deste aplicativo é que você se conheça melhor, entendendo alguns padrões de seu próprio comportamento para que possa melhorar seu dia a dia e se sentir bem. Ele é basicamente um diário bastante detalhado, onde você anota sempre que tiver uma emoção marcante, seja ela positiva ou negativa, assim como a situação que o fez sentir essa emoção. Para quem já consulta um terapeuta ou psicólogo, o app pode contribuir para trabalhar melhor os padrões anotados para serem discutidos em uma sessão do tratamento.

Zen

Este app brasileiro criado pela blogueira, youtuber e escritora Juliana Goes, é muito completo, com conteúdo para quem sofre de insônia, ansiedade, raiva, ou que está em busca de uma melhor noite de sono. Tudo isso através de meditações guiadas, sons, vídeos, músicas, ASMR, mantras, reflexões e monitoramento do humor. Além disso, foi eleito em um dos “10 melhores Apps de 2016” pela App Store! Quer mais ou tá pouco?


E a discussão desse tema não para por aqui

Ainda há muito a ser debatido, compartilhado e aprendido sobre saúde mental. Acreditamos que esse é um assunto que só vai ganhar mais e mais espaço, assim como campanhas e tratamentos para sua promoção na população, além da conscientização sobre a importância de se estabelecer hábitos saudáveis para a mente.

Essa conversa começou para nós dentro do MeSeems, com o Desafio de Saúde Mental, que rendeu postagens profundas sobre o tema, assim como uma interação bastante reflexiva dos nossos Mees, como chamamos nossos usuários. Ainda que o desafio tenha acabado,  agora há uma porta aberta no MeSeems para se falar sobre esse e outros temas que podem ser vistos como "tabu". Nós não acreditamos que existam temas que não possam ser discutidos. Questionar, perguntar, opinar, sempre com muito respeito, é o que nos move sempre.

E deixamos aqui um post que foi feito durante o desafio e que tem tudo à ver com o que discutimos por aqui. E aí, será que o casamento da tecnologia com terapia dá certo?

Postagem da Ana durante o Desafio Saúde Mental. Participe dessa discussão!

Comece discussões, deixe sua opinião, conte suas experiências e dê ideias dentro do MeSeems. Sua opinião conta.