As festas irmãs do Halloween pelo mundo!
O Halloween é uma das festas mais tradicionais nos EUA, sendo comparável ao carnaval no Brasil.
Mas muitos não sabem que a festa é herança da população irlandesa, que migrou para os EUA no século 19 e implantou suas tradições por lá, ao longo dos anos houveram algumas mudanças e novas práticas e símbolos também foram adicionados ao Halloween.
A tradição moderna de "doces ou travessuras" é americana, mas há indícios dela em brincadeiras medievais em que usavam repolhos e outros alimentos, já as “travessuras” virou um hábito entre os americanos a partir dos anos 1920.
Mas a tradição mais popular do Halloween, de usar fantasias e pregar sustos, não tem qualquer relação com os doces.
Ela apareceu após a transmissão via rádio de uma adaptação do livro Guerra dos Mundos, do escritor inglês H.G. Wells, que gerou confusão na população quando foi ao ar, em 30 de outubro de 1938.
Ao concluí-la, o ator americano Orson Wells deixou de lado seu personagem para dizer aos ouvintes que tudo não passava de uma pegadinha de Halloween e comparou seu papel ao ato de se vestir com um lençol para imitar um fantasma e dar um susto nas pessoas.
Mais ou menos no mesmo período em que o Halloween acontece, existem outras festas espalhadas pelo mundo com propósitos parecidos com o dele, mas que são cheias de significados diferentes!
Vamos ver algumas delas?
Era uma vez...Na Irlanda!
Você sabia que a Irlanda é a terra natal do Halloween?
A festa surgiu por lá há mais de 2 mil anos, com o povo celta, e tinha o propósito de celebrar o fim do verão, as colheitas e o início de um novo ano.
Por ser um período de transição, os celtas acreditavam que nessa data acontecia um tipo de encontro entre o mundo dos vivos com o mundo dos mortos, então, para receber as almas que retornavam para visitar seus antigos lares e guiar seus familiares, havia uma festa para homenageá-las, o Samhain.
Durante a festa, eles se fantasiavam com peles e cabeças de animais, previam o futuro uns dos outros para o novo ano que chegava.
Como os espíritos voltavam para o nosso mundo, acreditava-se que eles levavam algumas coisas com eles depois do festival, como comida, bebidas e, às vezes, algumas crianças. Para evitar que os fantasmas levassem coisas sem permissão, as pessoas acendiam fogueiras, se fantasiavam para confundir os espíritos sobre quem estava vivo ou morto, faziam muito barulho (eu ouvi festa? Sim!) e colocavam comida e velas acesas dentro de nabos esculpidos com caretas em frente de casa.
Falando em nabos, lembra das abóboras de Halloween? Essa prática se originou desse costume irlandês e da lenda de Jack Lanterna!
Jack era um beberrão que, enganando o diabo, conseguiu escapar do inferno. Ao morrer, Jack não foi aceito no céu, de modo que sua alma passou a vaguear pelas noites usando uma lanterna feita com um nabo, para iluminar o caminho.
Após a imigração de quase 1 milhão de irlandeses para os EUA, o costume precisou ser adaptado para outro vegetal que fosse mais abundante do que o nabo, a abóbora!
Vejo enfim a luz brilhar....
Na China, é um pouco diferente.
Os chineses contam com uma série de festas que celebram a vida e a morte, e cada uma tem um significado especial.
Uma delas, é o festival Teng Chieh - no ocidente, conhecido como o festival das lanternas - em que as famílias chinesas celebram suas vidas e a de seus entes queridos que já se foram.
Além de oferecerem água e comida na frente de retratos de seus parentes, os chineses também acendem lanternas de luz, soltam barquinhos de papel e acendem lanternas de luz para guiar os espíritos de volta para seu mundo.
Outra comemoração bastante tradicional dessa época, é o Festival dos Fantasmas Famintos.
Não se sabe ao certo sua origem, mas uma das teorias diz que ele surgiu da religião budista, onde Mulian, discípulo de Buda, fazia uma cerimônia neste dia para acalmar o espírito da mãe dele, que havia ressuscitado no período dos fantasmas famintos. Outra teoria sugere que a festividade teve origem no taoísmo, celebrando o aniversário do Lorde Qingxu, uma das divindades da religião.
No 15º dia do sétimo mês do calendário lunar - por volta de Agosto, no ocidente -ocorre uma queima de incenso e dinheiro falso, banquetes, e shows para…. Os fantasmas!
O propósito das oferendas e entretenimentos é amenizar a dor desses famintos que vivem entre os dois mundos. Os chineses também aproveitam esse momento para ensinar aos jovens a necessidade de ajudar os menos afortunados.
Todos se remexem muito em Madagascar!
Existente desde o século XVII, o Famadihana é uma festa celebrada mais ou menos a cada 7 anos e, segundo especialistas da cultura local, tem o objetivo de compreender a finitude humana e saber lidar com o luto.
A parte especial é que as famílias exumam os corpos de seus entes queridos, e os enrolam em tecidos perfumados para que seus parentes possam dançar e tirar fotos com eles.
No final, os corpos são enterrados novamente com dinheiro, bebidas e fotografias. E ficam sepultados por pelo menos mais sete anos.
Segundo a crença malgaxe, a menos que os corpos se decomponham completamente, os mortos não nos deixam permanentemente e conseguem se comunicar com os vivos.
A ideia de ter os parentes falecidos por perto é uma nova oportunidade da família se lembrar do quanto amam uns aos outros.
Atualmente o Famadihana é uma festa muito cara, pois envolve grandes preparações de refeições luxuosas e roupas novas para todos. A população mais pobre deve economizar durante vários anos para ser capaz de construir um túmulo, e em seguida, realizar um festival para os seus próprios ancestrais mortos. É considerada uma violação grave se a família não preparar uma famadihana quando são capazes de pagar por ela.
Ninguém se Kahla no Dia de Los Muertos!
Comemorado há pelo menos 3 mil anos, o Dia de Los Muertos é um dos festivais mais populares do mundo, sendo considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2003.
O Dia de Los Muertos nasceu do costume dos povos mesoamericanos de conservar crânios como troféus e exibí-los em rituais que celebravam a morte e o renascimento. Essas festas eram presididas pela deusa Mictecacíhuatl, a Dama da Morte, que mais tarde, inspirou o artista José Guadalupe Posada a criar La Catrina, a famosa caveira mexicana.
E mais, ele não dura apenas um dia, e pode chegar até a 1 semana de comemoração!
As festas começam por volta do meio dia e vão até bem tarde, tomando o México com muita música, caveiras e altares pelas ruas, igrejas e principalmente, os cemitérios. As pessoas costumam se fantasiar como esqueletos para que os espíritos se sintam mais confortáveis em nosso mundo.
Para os mexicanos, a morte é apenas uma parte do ciclo da vida e, nesta data, a terra é visitada por todos que já se foram, então, as famílias fazem homenagens aos seus entes queridos montando altares com fotos de seus familiares já falecidos, suas comidas favoritas, água, velas, caveirinhas de açúcar e muitas frutas. Algumas famílias costumam até deixar os portões de suas casas abertos para expor seus altares!
Mas...E o Brasil?
No Brasil, a comemoração desta data é bem recente e chegou aqui através da grande influência estadunidense vinda de filmes e programas de televisão.
Porém, muitos brasileiros defendem que a data não tem a ver com nossa cultura e argumentam que o Brasil tem um folclore riquíssimo, que deveria ser mais valorizado. Para contornar essa situação, foi criado pelo governo, em 2005, o Dia do Saci que também é comemorado no dia 31 de Outubro.
E você, gostou de como outras culturas lidam com o luto? Você acha que o Halloween deveria ser inserido no Brasil ou que deveríamos criar algo que tenha origem em nosso folclore? Conta lá no MeSeems o que você acha sobre isso!