Redes Sociais: As vilãs da Saúde Mental?

Quem nunca ouviu um ‘’Você não faz nada além de ficar nesse 'zap'? Que vício!” daquele familiar mais velho e pensou que era exagero?

Bom, eles estão um pouco certos de ficarem preocupados. Mas calma...

Temos a necessidade de nos sentirmos conectados com outras pessoas, o ser humano é social, e tá tudo bem. Mas antes de relacionar essa fixação com as redes sociais com saúde mental, vamos entender uma coisa: depressão e a ansiedade dependem de fatores prévios mais complexos para se desenvolverem, como uma família desestruturada, traumas, baixa autoestima e bullying, por exemplo. Mas sim, as redes sociais são gatilhos fortes para despertar algum desses transtornos em quem já se encontra dentro de alguma dessas condições.

A pesquisa da Royal Society for Public Health, do Reino Unido em parceria com o Movimento Saúde Jovem, revelou que 90% das pessoas entre 14 e 24 anos usam redes sociais, e a ansiedade e depressão desse público aumentou em 70% nos últimos 25 anos.

Os participantes dessa pesquisa também ranquearam o quanto as redes sociais influenciavam em seus sentimentos de ansiedade, pertencimento de comunidade, bem-estar e solidão. O Instagram foi identificado como a rede mais nociva, interferindo no sono, despertando o medo de perder alguma novidade e causando impactos negativos na autoimagem dos usuários. A rede menos nociva foi o Youtube, em seguida o Twitter, Facebook e Snapchat.

Intenso, mas é claro que deixar de usar as redes de uma vez por todas é extremamente difícil, então, o que podemos fazer para identificar se o uso está nos fazendo mal? Como usá-las de uma forma que não nos prejudique?

Como saber se estou fazendo mau uso das redes?

Você já deixou de sair com os seus amigos porque queria ficar em casa, sem fazer nada, só vendo memes no Twitter e no Facebook? Bom, nem sempre estamos dispostos a sair e ver pessoas, e tá tudo bem. Mas quando esse hábito se torna muito frequente, precisamos parar e pensar de onde está vindo essa indisposição.

Uma forma de começar a testar se essa indisposição é mesmo culpa das redes sociais, é criar a noção do que realmente é importante consumir nas redes, quais mensagens realmente merecem nossa atenção em determinados momentos e qual conteúdo agrega algo positivo para nós. Será que é necessário responder imediatamente quando alguém manda uma figurinha no grupo de amigos enquanto você estuda/trabalha? Nunca é. Preciso mesmo ler um textão sobre uma opinião política que não me agrada, ir discutir e no fim, acabar estressado? Não.

Se depois de criar esse hábito de apenas questionar o que vê e quando vê, você perceber que está mais disposto e com um desempenho melhor em suas atividades, já tem a sua resposta: o uso das redes sem controle estava te fazendo mal.

Uma forma de filtrar melhor o que absorvemos, é fazer uma “faxina” periodicamente nas páginas e pessoas que você segue, eliminando conteúdos que possam te estressar ou te incomodar e trocando por algo que te faça ficar mais tranquilo.

Discutimos no MeSeems se desativar as Redes Sociais é o caminho para ter uma boa Saúde Mental, clica aqui pra dar sua opinião!

Sua vida não tem que ser um livro aberto

Uma outra prática que pode ajudar bastante é evitar de expor sua vida pessoal. Na internet estamos cercados de pessoas que não nos conhece de verdade, mas isso não as impede de criarem julgamentos sem uma base sólida sobre nós, é aí que entra o perigo.

Um triste exemplo a respeito disso, é o caso da influencer Alinne Araújo, que após ter um vídeo viralizado dizendo que iria se casar consigo mesma após seu noivo abandoná-la um dia antes do casamento, recebeu uma chuva de julgamentos e críticas, que a levaram ao suicídio.

Alinne foi diagnosticada com depressão e ansiedade quando ainda era adolescente e seu Instagram, que antes do vídeo tinha 26 mil seguidores, era focado em dar suporte para pessoas que se encontravam em situações parecidas com a dela. Depois do viral, seu perfil contava com quase 400 mil seguidores.

É disso que temos que falar. Mais uma vez, a empatia pelas deve ser o fator principal para interagirmos nas redes sociais, pois qualquer comentário ou crítica sem embasamento sobre quem não conhecemos pode causar uma tragédia.


E as redes olham pra esse tipo de coisa e não fazem nada?

Será que esconder o número de likes é o suficiente?

O Instagram sempre foi como uma pista de corrida, por likes.

Recentemente, a rede contou com a atualização de tirar o número de likes das publicações. Essa foi a forma que a rede encontrou de pelo menos aliviar a sensação de inferioridade, para que ela não tome conta dos usuários, pois havia chegado a um nível tão crítico, que surgiram até formas de comprar likes e seguidores para turbinar seu perfil.

Mas as fotos perfeitas e manipuladas com Photoshop seguem bombando, os números explosivos de seguidores ainda estão lá. Ainda mais, continuamos tendo acesso ao número de likes que nossas publicações alcançam. Então será que apenas esconder os meus likes das outras pessoas vai realmente me fazer bem?

Vamos concordar que não há muito a se fazer para controlar o comportamento dos usuários, mas as redes estão se posicionando como podem para dar auxílio a quem precisa. O Facebook já trabalha com a prevenção ao suicídio junto com especialistas há muitos anos, com o foco no desenvolvimento de tecnologias e criação de campanhas de conscientização sobre saúde mental.

Com a aquisição do Instagram, a empresa também está estudando formas de promover a saúde mental, criando comunidades de apoio dentro da rede.

Quer um exemplo? Vá até o Instagram e pesquise pelas hashtags  #ansiedade ou #depressao. Automaticamente você será direcionado para uma tela oferecendo suporte e encaminhamento direto para o CVV.

E o auxílio não fica só dentro dos aplicativos, esse ano Facebook e o Instagram promoveram o evento Festival Amarelo, sobre saúde mental em parceria com o CVV para cerca de 200 alunos da rede de ensino pública.
Alguns influencers foram convidados para conversar sobre como é importante promover empatia e acolhimento. O evento também contou com palestras, painéis educativos, oficinas de dança, grafite, poesia e produção de histórias em quadrinhos, tudo isso com o objetivo de demonstrar como a arte é uma ótima forma de expressar o que sentimos.

E no fim das contas, depois de tudo isso, ainda podemos falar que as redes sociais são as grandes vilãs da saúde mental?

Sim e não, sabemos que elas podem agravar nossas condições mentais caso as usemos de forma descontrolada, mas não são elas que causam os transtornos.

Assim como sabemos que não devemos comer muito alguma comida para que ela não nos faça mal, cabe a nós encontrar um equilíbrio saudável também para o uso da internet.

Dê atenção para quem você ama, saia mais com os amigos para se divertir, leia um livro para se distrair, peça ajuda para um profissional  e preste atenção naquele seu amigo que parece precisar desse mesmo tipo de ajuda, "dê um toque" a ele sobre o que pode estar acontecendo. A empatia é o que irá nos salvar.